Tem gente que acha terapia frescura, um supérfulo, coisa de louco, mania de quem faz muito drama, tantas outras coisas absurdas que escutamos por aí. Mas basta olhar para bem perto de você, as pessoas da sua família, mesmo, ou de uma turma de amigos e perceber algo muito curioso: por que as pessoas são tão diferentes uma das outras? Porque cada um reage de forma tão oposta a estímulos parecidos.
Você aí também fica querendo entender, por exemplo, o que leva uma pessoa a desistir e outra a seguir em frente? Porque uma pessoa se entristece e outra parece não ligar? Muitas perguntas. E outras milhares de respostas, que na linguagem popular só mesmo Freud explica.
E o que a Psicologia tem a ver com tudo isso? Ela é a ciência que estuda justamente o comportamento e os processos mentais dos indivíduos. Conheça um pouco mais desse imenso oceano mergulhando de cabeça na entrevista a seguir com a especialista em saúde mental Juliana Corazza Scalabrin. Juliana é psicóloga e psicanalista e tem quase 20 anos de experiência.
Entrevistador: Juliana, primeiramente, conte um pouco da sua história pessoal, porque escolheu a psicologia?
J.C.S – Eu sou curiosa com o comportamento das pessoas. Sempre quis entender a subjetividade de cada um, seus sentimentos, dores e alegrias, já que eu os sentia de forma muito profunda e intensa. Acredito que meu nascimento fala muito de mim, prematura de 7 meses. Em todos meus aniversários meus pais me contavam emocionados sobre o dia em que nasci. Me falavam do susto que levaram quando os médicos recomendaram conter a alegria… podia ser que eu “não vingasse”. Seis horas depois aquilo só virou um susto e eu já estava nos braços deles. Essa força de vida acho que me define. Foi pra entender esses momentos e tantos outros complexos que comecei a trilhar meu caminho como psicanalista. Queria entender o que movia as pessoas.
Entrevistador: E nesse caminho percorrido até hoje o que acha ter aprendido mais sobre o ser humano e suas particularidades?
J.C.S. – Conheci as ideias de Sigmund Freud, o pai da Psicanálise, ainda no primeiro ano da faculdade e fiquei apaixonada. Permaneço assim até hoje, quase 23 anos depois. A profundidade que ele conseguiu mergulhar em meados de 1880 é impressionante. A existência do inconsciente explica o que antes se achava que era racional ou escolhido. Mas nunca me senti confortável com a formalidade e neutralidade que eu via a psicanálise exigir. Até conhecer minha psicanalista, que me apresentou uma psicanálise mais pessoal, mais centrada no aqui e agora, cheia de afeto, de vida, sem deixar de ser séria e profunda. Ali me reconheci, me encontrei, me entreguei e senti que poderia usar toda a minha sensibilidade e intuição para me aproximar e ajudar quem vinha ao meu encontro. Isso foi muito libertador e muito potente. Para isso fui estudar e fiz duas pós-graduações, que me ajudaram a me desenvolver, me fortalecer.
Entrevistador: E como surgiu a ideia de criar um site e falar sobre psicologia de uma forma leve, pra que todos entendam?
J.C.S. – A maternidade foi sempre um tema muito vivo em mim. Depois de ter meus filhos, e maternar alguns bonitos nascimentos psíquicos no consultório, veio o desejo de gerar mais um. Mas o terceiro filho estava fora de cogitação, então brotou a ideia da página Psicanálise Viva BR. O site nasceu da necessidade – quase adolescente – de querer mudar a forma com que as pessoas estão no mundo. Meu objetivo é conseguir acessar águas paradas num limbo emocional e transformá-las em água corrente de energia de vida. Penso que, traduzindo o discurso acadêmico, que somente interessa ao público de psicólogos, posso acessar muitas pessoas que ainda não conhecem o poder de um bom encontro na vida. Pretendo ajudar a desmistificar a psicanálise e comentar sobre a importância de se conhecer, de tirar os curativos mal colocados sobre feridas emocionais profundas. Enfim, conduzir as pessoas para um caminho mais humano, leve e autêntico.
Entrevistador: Você acredita no poder da terapia online?
J.C.S. – A terapia é universal e independe do lugar, apenas de uma boa conexão – das pessoas e da internet, claro. Tenho experiência com pacientes pelo mundo afora: Estados Unidos, Alemanha, Itália, Inglaterra, França. Pessoas que estão fora da zona de conforto e viram suas crises pessoais adormecidas, percebendo a necessidade de mergulhar nas suas raízes, para brotarem ainda com mais força. Pacientes que precisam encarar suas adversidades internas, porque a mente os acompanha aonde quer que estejam e é necessário diminuir aquela estranheza em um novo mundo. Por fim, que perceberam que fugir pode não ser uma boa saída. Nos meus atendimentos on line, percebi que os inconscientes se comunicam mesmo a milhares de quilômetros de distância.
Entrevistador: Ouvir é diferente de escutar. Com a explosão recente de coachs e profissionais de “aconselhamento”, qual a verdadeira vocação de um psicólogo?
J.C.S. – Minha missão é resgatar pessoas que podem estar perdidas sem ainda saberem. Que sofrem e acham que a vida tem que ser assim. Pessoas que precisam achar novas formas de consumir a vida, de viver uma vida com mais sentido, sem desperdiçar suas fortalezas. Que elas consigam enfrentar as mudanças que a vida nos pede. Gente que não quer mais viver relações abusivas, ou que se culpa demais, que se sabota, ou ainda que acha que precisa usar comida, drogas, bebida como forma de se anestesiar das dores da vida. É um trabalho com amor e seriedade e até uma pitada de humor respeitoso, que ajuda a derrubar crenças limitantes para enxergar a vida com mais leveza.
Juliana Corazza
Psicóloga Crp 06/66569
18 anos de experiência clínica.
Formação em Psicanálise pelo Sedes Sapientiae
Especialista em Saúde Mental Unifesp
Experiência em atendimento on line desde 2016