Preocupação constante. Tentativas de prever e evitar o que pode acontecer de pior. Achar que não será capaz de dar conta de tudo. Cansaço por “pensar” demais nas coisas. Essas são algumas formas de tentar descrever como uma pessoa ansiosa costuma se sentir.
Se identificou? Bem provável que você ou alguém que você conheça também passe por isso. Afinal somos o país mais ansioso do mundo, com quase 20 milhões de brasileiros que sofrem de transtorno de ansiedade. Uma estatística de proporções epidêmicas , engrossada ainda mais pela pandemia mundial de coronavírus. Levantamento realizado pela Universidade Estadual do Rio Janeiro, por exemplo, aponta aumento de até 80% nas queixas de angústia e ansiedade.
Outra pesquisa, feita pelas Fundações Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) apontou que 60% da mulheres entrevistadas e 70% dos jovens estão tendo ansiedade muitas vezes ou durante todo tempo de pandemia, como mostra o gráfico abaixo do site de notícias G1/Globo.
“É muito difícil não cultivar altas doses de ansiedade e não se perguntar como será o amanhã ou daqui a 6 meses. Mortes, incerteza política, crise econômica. Fatores que se somam ao nosso medo interno, diz Juliana Corazza Scalabrin, psicóloga e psicanalista que desde o início da quarentena também viu o número de pacientes aumentar em 30%.”
Mas, afinal, o que é esse sentimento desagradável e difícil de explicar ou definir em palavras e quando é preciso buscar ajuda?
A ansiedade é uma reação natural de defesa no nosso organismo diante de situações de perigo ou ameaça. Ela prepara nosso corpo para enfrentar algo desconhecido: o coração bate mais rápido, a boca fica seca e os músculos tensos.
Antes de uma prova difícil, de uma entrevista de emprego e até de uma grande viagem. Há vários momentos da vida que ficamos ansiosos, e isso é normal. O problema é quando essa sensação se torna crônica. A pessoa começar a faltar em compromissos com medo de que algo ruim aconteça, deixa de realizar tarefas de rotina e passa a ter sintomas físicos ou desenvolver doenças.
A especialista em saúde mental compara a ansiedade ao alarme do carro ligado. “Não para de apitar, é como se o corpo estivesse preparado pra fuga 24 horas por dia. Em excesso, gasta tanta energia psíquica, que quando o carro precisa andar de verdade ele paralisa”.
Nesses casos é preciso buscar apoio psicológico. Mas não para curar a ansiedade e sim aprender a lidar com ela. “Quanto mais o paciente se conhece e confia nas próprias capacidades, menos frágil ele se sente. Desenvolve mais tolerância, contém impulsos e amplia a mente”, afirma Scalabrin. Aliado a isso, exercícios físicos diários, organização da rotina e momentos de lazer ajudam a viver melhor com a ansiedade.
Por fim, fica uma reflexão: Quantas vezes a catástrofe que você tanto se prepara mentalmente de fato aconteceu? Precisamos convencer essa alma da necessidade do descanso. A análise é a oportunidade de reconhecer isso e dar um passo adiante.
Juliana Corazza
Psicóloga Crp 06/66569
18 anos de experiência clínica.
Formação em Psicanálise pelo Sedes Sapientiae
Especialista em Saúde Mental Unifesp
Experiência em atendimento on line desde 2016