Psicanálise Viva BR

Sindrome da Salvadora

Quando a busca do reconhecimento do outro passa a ser um vício

Por isso que praticar psicanálise está muito longe de um lugar da moralidade, de um lugar de salvação. Pois quando vemos esse vídeo desse lugar do bem comum pensamos olha que pessoa boa, sempre ajudando o outro. 

Pelo viés da psicanálise, podemos ver como alguém com o vício de agradar, com uma grande necessidade em ser aceito. Submetido a esse DEVER de agradar, de ajudar, mesmo que para isso ele precise se sacrificar.

É claro que todos queremos ser agradáveis, é da nossa espécie inclusive  garantiu a nossa sobrevivência lá atrás ainda na época do Homem das cavernas. Ser empático, ser simpático é adaptivo. Ninguém consegue viver sozinho, e muito menos viver com alguém que só pensa em si. Ih Juliana, agora complicou. Se ajudar demais ruim, pensar demais em si também como faz? Pera lá.

Estou falando de alguém que está a maior parte das vezes nesse funcionamento, que acaba se colocando a serviço do outro. De alguém que confunde agressividade com violência, de alguém que se submete a favor do outro. Que deixa de olhar para suas dores, dúvidas, conflitos e potências. De alguém que não consegue colocar limites pessoais, negar favores.  Alguém que esta polarizado de um lado, aliás tudo o que está muito polarizado, precisamos cuidar, investigar para poder voltar ou fazer a dança fluir novamente entre os dois pólos.

O que vejo na acontecer na minha experiência clínica, é que é muito comum entre as pessoas boazinhas demais, queridas demais, terem tido pais muito autoritários e agressivos na infância. Então entendem que precisam reprimir sua agressividade. Geralmente confundem agressividade com violência e ficam com receio de sofres represálias caso desagradem alguém. 

Frequentemente se sentem culpadas se martirizam por situações que nem dependiam delas, mas isso é também efeito de uma agressividade que se volta contra elas mesmo.

Isso acontece pois tendemos a generalizar as experiências que vivemos na infância para nossa vida adulta, os muito bonzinhos  e ou muito solícitos  acabam entendendo que se desagradarem ou se contrariarem irão sofrer represálias.

A “boa pessoa” vive sufocada pelo  “querer agradar”, ajudar e converte-se em alguém de valor para os outros. Para ela, o  reconhecimento costuma ocupar o papel de destaque da sua vida,  e quanto maior o sacrifício, maior o ganho secundário. 


Veja não estou trazendo 3  modos para deixar de ser bonzinho, isso não existe, é puro engodo. O melhor jeito de cuidar desse polo é o tratamento psicanalítico. Que vai poder para investigar essa necessidade em desfocar da sua vida , o que será que estaria fazendo, ou sentindo, ou pensando se não tivesse olhando para a dor do outro.


É necessário aumentar essa pesquisa com você, aumentar a capacidade de enfrentamento.  E diminuir a fantasia de que é crucial na vida do outro. E assim com mais força de ego, poderá entender o sentido desse autocentramento, e sacrificar o sacrifício.