Os sonos e suas perturbações são muitas vezes considerados como meros problemas técnicos de saúde quando tratados apenas com o sonífero adequado.
Mas não podemos descartá-los da nossa subjetividade. Freud em 1900, escreveu o famoso livro Interpretação dos Sonhos, e nele dizia que os sonhos aconteciam apenas para guardar o sono e assim amenizar o caráter perturbador dos desejos insatisfeitos. O sono pode ser visto como uma reativação da vida intra uterina, já que estamos no repouso, sem estímulos externos e no quentinho. Se reparar bem quantas pessoas deitam em posição fetal? Para dormir precisamos abandonar o mundo externo, o controle, o ego, para nos entregarmos para nós mesmos, penetramos num campo onde não somos mais donos da própria casa. Por isso a tarefa de dormir pode ser assustadora para alguns. Perder o domínio, se entregar para si. Estamos falando de falta de controle, do encontro com o nosso desamparo… Fez sentido por aí? A boa notícia é que num trabalho analítico podemos entrar nesse mundo mais amparados para investigar esses medos. O que vemos é mais ou menos assim, quem se entrega para uma relação começa a conseguir se entregar para o sono. E isso pode mudar tanta coisa. Como está a sua entrega? Como está o seu sono?
